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Em entrevista, a veterinária Karen Sandrin Rossi também explicou o que acontece com a propriedade se for encontrado um javali reagente.
Campos Novos, assim como muitas outras regiões de Santa Catarina, enfrenta o desafio crescente da presença de javalis e javaporcos. Esses animais selvagens, cuja criação é proibida pela legislação brasileira devido ao risco que representam como fauna exótica invasora, causam danos significativos às lavouras, à flora e à fauna local, além de representar uma ameaça à saúde pública.
Os javalis podem transmitir doenças graves tanto para suínos quanto para seres humanos, por isso é essencial o monitoramento e controle populacional desses animais. Como grande produtor de suínos, Campos Novos tem muitos motivos para ficar em alerta. Empresas presentes no município e em Santa Catarina exportam carne suína para muitos países do mundo devido ao excelente nível sanitário apresentado no Estado. Santa Catarina possui certificação internacional como estado livre da peste suína clássica.
Em Santa Catarina, a Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina) atua para contribuir com a sanidade animal e apoia o controle populacional dos javalis e javaporcos. As formas de atuação do órgão vão desde a orientação, treinamentos aos agentes de manejo, a fiscalização conjunta com órgãos ambientais da criação de javalis e javaporcos, a qual é proibida, até a vigilância sorológica das amostras de sangue colhidas por voluntários.
A Secretaria Estadual de Agricultura, publicou a Portaria SAR 37/2021, que permite o transporte de carcaças de suideos asselvajados desde o local da caça até a residência do Agente de Manejo Populacional (AMP), desde que esteja autorizado pelos órgãos de controle e que seja voluntário na colheita e entrega de amostras de sangue do animal abatido. A Cidasc fornece os lacres e material de colheita para regulamentar o transporte.
Karen Sandrin Rossi, da Cidasc, explica como funciona a atuação dos voluntários e o que acontece quando um javali doente é encontrado em uma propriedade. Os interessados em se tornarem voluntários e transportarem carcaças precisam realizar um curso online. Nesse curso, eles aprendem sobre as doenças de grande impacto que podem ser transmitidas, como realizar a colheita de forma segura e a importância da colaboração com o Estado. “Nós temos o reconhecimento internacional de livre de peste suína clássica, e um dos componentes para continuar com este certificado é conhecer a condição sanitária dos javalis. Só vamos comprovar a ausência de circulação viral de doenças na espécie asselvajada com a vigilância sorológica”, destaca Karen.
Alguns agentes de manejo populacional (AMP) de Campos Novos já fizeram o curso online, se cadastraram na Cidasc e receberam kits para realizar as colheitas de sangue dos animais. Esses voluntários são fundamentais para a manutenção da sanidade animal no Estado. Após a análise das amostras, a Cidasc pode comprovar que não há circulação viral de peste suína clássica na população de javalis em Santa Catarina.
No entanto, muitos AMP ainda relutam em se voluntariar, temendo que um resultado reagente numa amostra possa levar à interdição das propriedades onde os javalis foram caçados. É importante esclarecer que, segundo Karen, a propriedade não é interditada. O que acontece é que a Cidasc faz uma vigilância num raio ao redor do ponto onde o animal foi caçado, visitando as propriedades vizinhas, orientando sobre os sintomas, realizando inspeções visuais nos animais e promovendo educação sanitária.
A atuação dos agentes de manejo voluntários é crucial para o Estado, pois colaboram na colheita de material e na comprovação da ausência de circulação viral na espécie asselvajada. Isso ajuda a manter os mercados abertos e o certificado internacional de sanidade.
A situação em Campos Novos é preocupante, com relatos de produtores indicando um aumento na presença de javalis, inclusive em regiões que antes não tinham danos, como a divisa com Ibiam. A Cidasc atua na orientação e fiscalização, mas depende dos voluntários para a vigilância sorológica.
O que acontece com a propriedade se for encontrado um javali reagente de alguma doença de notificação obrigatória?
Segundo a Cidasc, a propriedade não é interditada, mas sim submetida a uma vigilância rigorosa para garantir que a doença não se espalhe. A Cidasc realiza visitas nas propriedades vizinhas, orienta sobre os sintomas e faz inspeções visuais nos animais, além de um trabalho de educação sanitária. Dessa forma, a colaboração dos AMP voluntários é fundamental para garantir a sanidade animal e a segurança alimentar em Santa Catarina.
Fonte: EderLuiz.com.vc