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1º CICLO (1912-1950)
O primeiro ciclo da erva-mate na “Região de Machadinho” foi marcado pela descoberta dos ervais, a chegada dos colonizadores, a extração, a industrialização, comercialização, a expansão e o transporte da erva-mate para outras regiões distantes, através dos tropeiros (cargueiros e carroças puxadas por mulas), pelo trem nas Estações Férreas de Marcelino Ramos e de Piratuba (SC) e, mais tarde com a abertura e a melhoria das estradas por caminhões, após o seu surgimento.
Nesse período também teve ênfase a exploração da araucária.
2° CICLO (1951-1993)
O segundo ciclo da erva-mate na “Região de Machadinho” iniciou com o fechamento forçado e a queima de uma grande quantidade de barbaquás pela força fiscalizatória que exigia cobrança de altas taxas de impostos para quem fabricava erva-mate, priorizando apenas alguns industriais mais prestigiados. A desativação forçada da indústria regional obrigou os fabricantes ervateiros da época a migrarem para outras atividades, surgindo as atafonas (fabricação de farinha de mandioca) e os alambiques (fabricação de cachaça) como produtos alternativos. Houve também mudança na matriz produtiva com o cultivo de cereais e a produção de grãos. Os ervais que até então abasteciam as indústrias de barbaquá na região passaram a ser cobiçados por indústrias ervateiras de outras regiões, criando uma disputa e corrida dessas empresas para a região de Machadinho, pois a fama da erva-mate aqui produzida era muito boa. Um produto suavizado. Com isso surgiram os compradores locais de erva-mate que formavam grupos de tarefeiros (colhedores de erva-mate) e se dirigiam aos ervais para fazer a extração da folha. A folha colhida era transportada por caminhões para abastecer as indústrias de municípios distantes como Áurea, Erechim e Barão de Cotegipe, dentre outros. Os compradores mais conhecidos no final desse ciclo foram o Lole, o Tonho do Artur e o Odilon Carlotto.
3° CICLO (1994 AOS DIAS ATUAIS)
É possível afirmar que o terceiro ciclo da erva-mate na região de Machadinho iniciou com a Criação da Associação dos Produtores de Erva-mate de Machadinho (APROMATE) no ano de 1994. O setor ervateiro vivia uma fase complicada. A erva-mate produzida na região dependia das indústrias de outras regiões para ser processada, já que regionalmente só existiam pequenos soques para uso caseiro. Estes, não absorviam comercialmente toda a folha existente. A longa distância e as precárias condições das estradas, sem asfalto que ligavam a região produtora aos polos industriais, tornava o custo de transporte da matéria-prima muito alto, praticamente inviabilizando o preço pago pelos compradores aos produtores, embora, com alta procura pela matéria-prima local, visto sua qualidade ser tradicionalmente conhecida por esses industriais.
A alternativa, então, era construir um parque industrial capaz de absorver a matéria-prima produzida na Região de Machadinho, pois não havia por lógica transferir os ervais para as regiões industrializadoras. Impossível. Nascia ali um novo período marcado pelo associativismo ervateiro, que encontrou apoio na Cooperativa Agrícola Mista Ourense, Ltda, CAMOL, representante natural do cooperativismo regional, o que culminou na construção da indústria ervateira Cambona, com a colaboração efetiva do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), através do consultor Rui Pires.
A construção da indústria ervateira foi um episódio marcante. Teve seu início no ano de 1995 e sua inauguração ocorreu em maio de 1997. A CAMOL foi a fiadora financeira dos equipamentos, dos materiais de construção, do projeto civil e dos mestres da obra. Já, a mão-de-obra para a construção do pavilhão foi viabilizada pelos associados da Apromate e pela comunidade local, cedendo dias de serviço ou pagando mão-de-obra contratada. Um verdadeiro mutirão comunitário.
A indústria a princípio atenderia os produtores associados da Apromate e da Camol, dos municípios de Machadinho, Cacique Doble, Santo Expedito do Sul, Tupanci do Sul, São José do Ouro e Barracão, área limite de atuação da CAMOL. Posteriormente, por solicitação de produtores ervateiros e lideranças a indústria Cambona passou a absorver erva-mate dos municípios de Maximiliano de Almeida, São João da Urtiga, Paim Filho e Sananduva. Mesmo não estando sob a jurisdição da Cooperativa, são municípios adjacentes e antes de suas emancipações político-administrativas esses dez municípios formavam conjuntamente a antiga Região das Matas, como era chamado este território, ainda não colonizado, na época pertencente ao município mãe de Lagoa Vermelha.
No início da industrialização surgiram problemas na qualidade da erva-mate processada, basicamente pela falta de prática na operacionalização do moderno maquinário, bem como pela falta de experiência dos manipuladores no processo, ocasionando uma queima de 20 toneladas de folha. Foi necessário um treinamento intensivo e prática do dia a dia para a fabricação ser completamente dominada, meses depois.
Fonte: Livreto Apromate 30 anos. (18/11/1994-18/11/2024 – Apromate 30 anos).
Por: Assessoria de Comunicação